quinta-feira, 4 de maio de 2017

Construções sustentáveis reduzem gastos, mas investimento pode sair caro

Carolina Salgueiro

      A construção sustentável tem adquirido cada vez mais espaço no Brasil, pequenas e grandes empresas têm investido em edificações sustentáveis a fim de obter resultados vantajosos para si, mas também para a sociedade, sejam eles a curto, médio ou longo prazo. Além disso, as medidas adotadas por aqueles que investem neste âmbito têm transformado a indústria da construção civil e o modo operacional daqueles que decidem se adequar aos modelos sustentáveis, uma vez que ao decorrer dos anos este tipo de construção reduz os gastos e traz benefícios sociais e individuais à população.
Foto: Shutterstock


     Pensar na construção sustentável vai além de qual material usar, é necessário entender que, neste modelo de obras, as ações e atividades humanas sustentáveis irão suprir as necessidades humanas sem comprometer as gerações futuras. Contudo, para obter isso o preço pago pode sair mais caro, ele varia de 0-6% em relação à construção tradicional, de acordo com Bruno Justo, gerente comercial da Green Building Council Brasil - BGC.

     No entanto, os benefícios também são maiores, Bruno explicou que edificações sustentáveis possuem as taxas de operação e manutenção em torno de 9% mais baratas; economia em energia em até 30%; em água,  40% e resíduos em até 75%, existindo casos que superam mais de 90%, se as compararmos com as construções tradicionais. Para mais, edifícios sustentáveis dispõem de maiores retenções de inquilinos e imóveis mais valorizados ao longo do tempo.

     O grupo BGC realizou um estudo no qual comparou o desempenho dos empreendimentos comerciais com e sem a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), selo mais respeitado na área de construção sustentável e emitido pela própria BGC, e o resultado obtido constatou que o valor do metro quadrado para locação é 10% maior em São Paulo chegando em até 40% na região da Faria Lima, área que concentra várias empresas na capital paulista, para edifícios com o LEED.  Ademais, a taxa de vacância é 9,5% menor e o valor do condomínio 12% maior. “O que implica na valorização do metro quadrado e na retenção do inquilino é uma taxa de operação menor em comparação a um prédio tradicional”, explana Bruno.

     Não se pode deixar de considerar que a construção civil é um dos setores mais importantes da economia brasileira na qual gera mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos, segundo uma pesquisa do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) em conjunto com a FGV (Fundação Getúlio Vargas). Apesar disso, é um dos setores que mais consome recursos naturais, produz resíduos e consome energia elétrica. Diana Csillag, do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS, afirmou que o setor da construção civil consome cerca de 44% da energia elétrica do país.

     Por isso iniciativas como a GBC são tão importantes para o Brasil. Outrossim, outras maneiras que promovem a sustentabilidade para os cidadãos comuns também estão crescendo em solo brasileiro, caso da permacultura que é “um método interdisciplinar para elaboração, implementação e mantenimento de assentamentos humanos sustentáveis”, como define o permacultor Alexandre Moreira.

     Na permacultura trabalha-se desde o manejo do solo até a construção de casas com baixo impacto ambiental, passando pela produção e armazenamento de energias limpas e renováveis e captação de água a fim de criar o design permacultura. Nela questões sociais, ambientais e culturais também são abordadas. Alexandre também esclareceu que apesar da permacultura ter sido muito difundida nas ecovilas e nos campos é possível implementá-la nas cidades já que as tecnologias sociais são adaptáveis e o seu conceito e métodos utilizados são universais.

     Para adaptar processos permaculturais nas residências é simples e barato, um número cada vez maior de pessoas estão aderindo a esta modalidade, tal como a moradora da capital paulista Aline Bergamo que adaptou algumas técnicas da permacultura da sua casa. “Atualmente, eu tenho uma horta pequena em casa, então eu planto algumas coisas, eu reciclo lixo e eu também fiz uma composteira pequena”, concluiu Aline que conjuntamente com seus vizinhos tem um projeto para começar a captar a água da chuva e reduzir o consumo no seu bairro.

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